quarta-feira, 28 de março de 2012

Geração Coca-Cola

Renato Russo escreveu alguns anos atrás que éramos os filhos da revolução, burgueses sem religião e o futuro da nação, nos definia como sendo a famosa “Geração Coca-Cola”. Mas depois de tanto tempo o que mudou da minha geração para cá? Será que houve uma evolução ou regredimos com o passar dos anos? Vamos aos fatos, pois eles não mentem jamais.
Começamos por quem escreveu essa música. O que temos de bom hoje no nosso cenário musical? Aí é covardia! Pelo menos no Brasil houve uma grande regressão musical. Essa era a época da Legião Urbana, Titãs, Raul Seixas, Capital Inicial, Engenheiros, Lobão, enfim, estávamos cercados de um bom Rock nacional que fazia frente aos artistas internacionais e que nos dava prazer em escutar um som Tupiniquim.
E hoje? Hoje o nosso país foi invadido por lixos musicais inexplicáveis. Somos obrigados a engolir Victor e Léo, Michel Teló, Luan Santana, Ivete Sangalo, Bonde do Tigrão, Gaiola das Popozudas (o que é isso meu Deus???), Preta Gil, Restart (putz). Alguém, por favor, me diga o nome da última banda de Rock que surgiu neste país e que valha a pena escutar? Talvez o Rappa seja o que ainda restou de bom por aqui. É uma música de conteúdo, com uma mensagem inteligente e que faz bem aos nossos ouvidos como antigamente! Ponto para a geração Coca-Cola.
Mas vamos falar sobre política, já que sou suspeito para gosto musical. O que mudou na nossa política de lá para cá? Não resta a menor dúvida que melhoramos de status. No meio dessa viagem no tempo de lá para cá fomos iluminados por um certo FHC que fez esse País decolar rumo a alguma coisa que presta e estamos voando em um “falso” céu de brigadeiro. Não me venha dizer que o Lula é quem mudou o Brasil porque na verdade ele apenas pegou o local do piloto e continuou no mesmo plano de vôo que pegou. Ele não inventou nada, pelo contrário, construiu uma sociedade preguiçosa onde o governo lhe dá tudo: bolsa família, bolsa escola, vale gás, bolsa “vagabundo”, enfim um estímulo ao ócio que no Nordeste o que mais se vê é neguinho à toa esperando o início do mês para receber o auxílio do Governo Federal.
Quando digo falso céu de brigadeiro é porque o País não mudou nada na sua política. Vejamos: Sarney, Renan, Barbalho, Collor, Temer, ACM (na versão Neto!). O nosso país ainda tem os dinossauros “encrostados” no Congresso e de lá só saem morto, infelizmente, porque se depender de alguém para ser cassado, o Brasil ta fud... Pelo menos naquela época tivemos um início de querer mudar, como os caras pintadas que derrubaram Collor. E hoje? Somos bombardeados semanalmente por notícias de corrupção e aceitamos calados e parados. Somos uns idiotas passivos que aceita ser roubado na cara dura e ainda votamos nesses FDP de novo! Mais uma vez, ponto para a geração Coca-Cola que pelo menos tinha uma vontade de mudar, hoje nem isso temos.
Hoje estamos melhores do que no passado em relação à tecnologia. Mas isso não se pode comemorar, já que faz parte da evolução natural das coisas. Só para lembrar um pouco: lembra do famoso walkman que mais tarde virou o invejável discman? Hoje temos o mundo “i”. iphone, ipad, ipod. A maçã de Jobs invadiu a nossa mente e hoje o produto tem muito mais valor se tem a famosa maçã prateada mordida. Hoje em dia é mais gostoso de se viver com televisão à cabo, videogames modernos, computadores que são verdadeiras máquinas da alegria e a indispensável Internet, que veio para ser o oxigênio do terceiro milênio. Você consegue viver sem ela?! Imagina você ficar sem acessar o FACEBOOK pelo menos 20 vezes ao dia? É a morte...
Olho os jovens de hoje e os comparo a vinte anos atrás. Na minha época não éramos escravos das roupas importadas que hoje invadiram o mercado. Se você não usa Armani, Gucci, Louis Vuitton, Ralph, Tommy, Diesel, Nike, você simplesmente é um ET, ainda mais com “Miami tão perto e a passagem de avião tão barata”... Cara, é impressionante como hoje somos obrigados a engolir a moda internacional senão somos excluídos totalmente da sociedade em que vivemos. Um pouco eu concordo já que o que pagamos de imposto aqui é uma palhaçada, mas dar tanto valor assim ao que vem de fora é querer menosprezar demais nossa capacidade de criação por aqui, que diga-se de passagem, produz muita coisa de alta qualidade.
Hoje não temos a atitude que tínhamos no passado. Hoje vemos um bando de “emos” andando pelos Shoppings da vida, com aqueles cabelos que dá vontade de passar a máquina zero e ensinar para esses seres mutantes o que é ser revoltado. Antes revoltado usava jeans rasgado e escutava Punk, hoje revoltado é “emo”, “nerd” usa roupa colada e escuta sei lá o quê...
Infelizmente, Renato Russo, não evoluímos a ponto de ser o futuro da nação como você cantou na música. Evoluímos sim, em algumas coisas, mas na essência do que você quis dizer, fizemos foi regredir. A nossa geração hoje é formada por pessoas individualistas, que só pensam em levar vantagens, jovens que são transformadores e não criadores, onde se valoriza mais o ter do que o ser (eu tenho, eu sou). A nossa geração não luta por justiça, não quer saber de política, aceita passivamente políticos corruptos que a cada dia que passa ficam mais ricos e nós mais pobres com tanto imposto a pagar. Nem na sétima arte temos grandes invenções, hoje o cinema vive de partes II, III, IV e remakes de épicos de 30 anos atrás. Hoje nada se cria, tudo se copia. Eike Batista disse que para ficar rico basta pegar uma idéia que já existe e melhorá-la. Pode ser...
Mas eu esperava mais. Confesso que quando adolescente esperava chegar aos 34 anos com um País diferente. Minha geração iria mudar a cara desse País, e mostraríamos que poderíamos mudar o mundo, mas alguém roubou nossa coragem (desculpa a citação de outra música da Legião). No fim, aceitamos passivamente muita coisa que não deveríamos. A revolução se transformou em uma pequena mudança que ficarão mais para serem contados nos livros de história do que ser comemorado na vida real.
As nossas crianças não derrubaram reis, pelo contrário, resolveram eternizar esses malditos cânceres da nossa política. Não aprendemos as manhas do jogo sujo, e somos engolidos pela malandragem dos espertos que dominam toda uma população incapaz de dar um segundo Grito da Independência e livrar esse país em definitivo das mãos de coronéis que fazem do nosso Brasil uma roça tocada por peões burros (nós).
Em uma coisa você tinha razão: “desde pequenos somos programados a receber o que vocês nos empurram com os enlatados do USA, desde pequeno nós comemos lixo comercial e industrial”. Infelizmente ainda não chegou a nossa vez. O Brasil ainda é o País do futuro, porque o presente... O presente é essa merda que a gente ta vendo aí...
É por isso que digo: Isso aqui nunca vai mudar meu irmão.
Um abraço.

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