domingo, 4 de março de 2012

O Universo Literário

Certa vez meu pai estava em um Tribunal e ali encontrando um renomado Jurista indagou-lhe o que ele precisava fazer para se tornar um grande advogado. Este jurista lhe deu uma resposta muito simples e direta: “leia, meu filho. Leia tudo o que você encontrar pela frente e serás um vencedor na advocacia”.
Mas esse conselho era desnecessário para o meu pai, que é um voraz leitor e que, para minha felicidade, também me ensinou a ter gosto pelo universo literário por mais simples que fosse.
Lembro do princípio das minhas viagens ao mundo imaginário da leitura. Tudo teve início como qualquer criança que começa com as revistas em quadrinhos do gênio Maurício de Souza. Através daqueles personagens estranhos e engraçados ele nos faz ter a vontade de querer sempre mais, de querer participar daquela vida perfeita e sem problemas daquelas crianças que só pensavam em se divertir, e que começaram a nos ensinar que o bem sempre tinha que vencer o mal.
Logo em seguida vieram os primeiros livros da escola. Lembro-me de um que se chamava “O pai que virava bicho”. Acho que lá em casa todos leram esse livro sobre a história de um pai que era alcoólatra e, como conseqüências desse vício, sempre espancava a família. Mas, no final, como não poderia deixar de ser, este se livra desse mal e consegue conduzir sua família como um verdadeiro pai. Lembro que me marcou muito essa leitura, pois via o sofrimento daquela família, e, na minha casa, não me lembrava de ter visto meu pai beber uma cerveja sequer perto de nós, e pensava como deveria ser triste a vida em um lar de alcoólatra.
Passada esta fase mais “infantil” cheguei onde realmente me interessa. A literatura brasileira e seus grandes escritores.
Lembro-me perfeitamente da minha professora de literatura no segundo grau. O nome dela era Edna, uma pessoa que me ensinou ainda mais a gostar dos livros e que tinha um conhecimento invejável nessa área, além de saber ministrar uma aula sem torná-la um pesadelo para nós alunos.
Nessa época conheci Machado de Assis, José de Alencar, José Lins do Rego, Clarice Lispector, Castro Alves, Álvares de Azevedo, enfim tantos autores que me fizeram ver um mundo que eu não conhecia e me deixaram mais apaixonado pelos livros, pelas suas histórias e tornou o meu hábito da leitura um prazer ainda maior. Pude ver que ler era algo tão prazeroso que era capaz de devorar um livro em poucos dias.
Lembro-me que chegava nas férias e procurava na biblioteca de meu pai sempre algo bom e novo para ler. E não era difícil, pois meu pai tem a coleção completa de Jorge Amado, Monteiro Lobato em sua obra adulta, além de diversos clássicos como o famoso e interminável “Os Sertões” de Euclides da Cunha. Mas também pude ler, sem aquela obrigação escolar obras como “Quincas Berro D’água”, “Senhora”, “O Cortiço” entre outras.
Mas não lia somente os clássicos da nossa literatura, também gostava de outros “universos” famosos da época como Sidney Sheldon, e outros que não me lembro do autor, mas sou capaz de resumir perfeitamente a história.
Até que cheguei na fase dos livros que o mundo inteiro lê. Cito dentro os que mais me marcaram, a Trilogia do Senhor dos Anéis, o Código da Vinci, e algumas Biografias. Aliás, as biografias têm me atraído mais ultimamente, e cito duas essenciais: a biografia de Kurt Cobain (Mais pesado que o Céu) e a do Ozzy Osbourne (Eu sou Ozzy).  Nessa fase de literatura mundial poderia citar diversos livros como A história do Rock and Roll, livros Policiais, histórias absurdas, mas que sempre me levam a mundos tão diferentes e interessantes que só alimentam esse meu vício pela leitura.
Mas, hoje, infelizmente, estou na fase de livros para concursos: Código Penal, Constituição Federal, Administrativo, enfim essas obras que me ajudarão a passar em um concurso, mas que nenhum prazer me proporciona. Às vezes passo por uma livraria e fico com uma vontade imensa de comprar uns dez livros, mas aí a realidade chega e penso nesses concursos que tomam todo o meu tempo de leitura, mas que não são capazes de me fazer aquela viagem imaginária que somente um “verdadeiro livro” pode me proporcionar.
A minha família é uma privilegiada em leitura. Todos em casa somos leitores assíduos, cada um no seu gosto, mas os livros sempre fizeram parte das nossas estantes e depois que cada um casou levou junto esse hábito que papai nos ensinou e está cravado no nosso sangue. Obrigado pai por mais esse ensinamento de vida.
Hoje sou assinante de três revistas que matam um pouco a minha vontade de sair da literatura jurídica, mas prometo que, em breve, voltarei para aquela leitura que realmente me interessa, aquela que faz a gente querer devorar mil páginas em poucos dias e que no final nos dá aquela sensação de ter conhecido o mundo sem sair da poltrona de nossa casa.
Reportagens mostram que o brasileiro está lendo mais. Quem sabe assim, nós, um pouco mais cultos, paremos de escolher pessoas semi-analfabetas para nos governar... Que o livro Ágape do Pe. Marcelo Rossi seja o primeiro de muitos livros que o brasileiro comece a ler, e que ele desperte o gosto da leitura e da informação. Um povo culto, com certeza, é mais difícil de ser enganado por essas pessoas que estão no poder hoje. Eles sim, com certeza, leram obras que os ensinaram a chegar ali e a fazer uma política que alegre o povo, mas que principalmente os satisfaçam em seus interesses pessoais.
Um povo que não lê é facilmente manipulado!
Um abraço...
Ps: não pense que o filme que leva o livro para o cinema é mesma coisa. Não se iluda. Geralmente o livro é infinitamente melhor! Faça o teste. Mas primeiro, leia o livro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário