No
último final de semana fui a um show de Rock. Como cheguei bem cedo, fiquei
observando o que envolve essa paixão, o que leva uma multidão vestida de preto
em um domingo chuvoso a ir para um estádio de futebol para ver uma banda que já
está na estrada há mais de vinte anos.
Sou
apaixonado pelo Rock, e tudo o que eu escrever aqui pode ser suspeito e
parcial, mas tudo bem, não ligo para isso.
Vamos
começar com a chegada ao estádio. O preto era a cor que mais predominava
naquele dia. Diria que algo em torno de 95% das pessoas que ali estavam vestiam
a cor do Rock. E não eram roupas caras, nem modinhas, porque quem vai a um show
como esses vai ali para escutar a música, ninguém vai ali para pegar mulher, pelo
open bar, ou para desfilar, como fazem a maioria dos que vão a um show sertanejo,
axé ou funk.
O
fã de Rock se prepara muito para ir a um show como esse, onde uma banda mundial
vai se apresentar na cidade onde ele mora e talvez nunca mais ele os veja ao
vivo novamente. Por isso é um dia especial, aliás, desde quando se fica sabendo
que algo dessa magnitude vai estar ali no quintal da sua casa o fã já fica
ansioso.
Não
se pode comparar o espetáculo de uma banda de Rock a um show de uma dupla
sertaneja, de uma cantora de axé, ou de funk, que toca todo dia em qualquer
lugar aqui no Brasil, pois seu alcance musical se limita às fronteiras
brasileiras. Sair daqui é sinônimo de fracasso total, o que é plenamente
justificável já que se trata de algo regional, ou você conhece outro país que tocam
esse tipo de “música”?
No
dia desse show pude ver a presença de todo e qualquer tipo de pessoa: jovem,
adulto, pessoas mais velhas, homens, mulheres, todos estavam ali reunidos única
e exclusivamente para ver aquela banda. Quando eu digo banda, digo todos que
fazem parte dela: vocalista, baixista, baterista, guitarrista, todos eles são
fundamentais e igualmente idolatrados, aliás, especificamente neste dia digo
que a volta do guitarrista da formação original foi o responsável pela presença
de inúmeras pessoas que ali estavam e sonhavam e vê-lo mais do que o próprio
vocalista.
Isso
é um diferencial do fã de Rock. Nós sabemos a importância de todos os
integrantes daquele grupo, brigamos para decidir quem é o melhor naquele
instrumento e uma saída deles da banda pode representar o fim do grupo ou a sua
derrocada. Agora, te pergunto: você sabe quem é o guitarrista da sua dupla
sertaneja favorita, da sua cantora de axé? Aliás, você sabe o nome deles na
carteira de identidade? Os fãs desses gêneros musicais na maioria das vezes não
se preocupam com isso, só querem saber do vocalista, o resto pode ser qualquer
um.
Quando
começa um show de Rock, sua única preocupação é com a música que está tocando. Você
não se preocupa em alugar a menininha, não se preocupa com as bebidas do open
bar, se tem uma almofadinha para você sentar, não se preocupa se a escova que
você fez no cabelo não pode ver chuva, enfim, quando se vai a um show desses
você vai para ver a banda, o único e real motivo para você estar ali, o resto
nada mais importa.
O
show o qual assisti teve a duração de três horas. O som estava impecável, a
organização foi perfeita, não houve um princípio de briga, todos entraram e
saíram civilizadamente, e a chuva que resolveu cair apenas aumentou o ânimo do
público. Deixo registrado que as pessoas que ali estavam não eram maconheiros,
com tatuagens, piercings em locais estranhos, cabeludos, e todo o tipo de
preconceito que os não-rockeiros gostam de citar. Ali estavam pais acompanhando
suas filhas, famílias completas, amigos, enfim, pessoas normais que na
segunda-feira iam todos trabalhar, mesmo porque com o preço do ingresso caro
como foi, não era ali um local de vagabundos como alguém possa imaginar.
Como
disse no princípio não sou fã desses gêneros musicais exclusivamente brasileiros,
prefiro sempre o bom e velho Rock and Roll, um gênero musical que nunca vai
morrer e é tocado desde uma simples cabana no fim do mundo até um Estádio
lendário como Wembley. E se toca no Planeta inteiro, para todo o tipo de
civilização é porque é bom e merece ser compartilhado com o mundo inteiro.
Ser
Rockeiro faz bem para a saúde, para sua vida. Ser Rockeiro é gostar de um
estilo musical imortal e universal. Para escutar Rock você não precisa estar
depressivo, com dor de corno, nem precisa usar um abadá colorido, basta apenas
estar vivo, não precisamos de motivos para apreciar o que é bom. Um bom Rock
and Roll cabe a qualquer hora e em qualquer lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário