A
capa da revista VEJA desta semana é de um milionário brasileiro, dono de uma
das maiores construtoras do mundo, e que está há um ano preso suspeito de ter
praticado alguns delitos relacionados à corrupção, pagamentos de propina,
tráfico de influência enfim, não tenho acesso aos autos, mas basicamente é
isso. A minha grande indagação é: até quando valeu a pena?
Esse
cidadão está atrás das grades vivendo os últimos 365 dias de sua vida em um
quadrado, dividindo sua privacidade com outras pessoas, sem poder usufruir de
nada que sua riqueza adquiriu ou possa adquirir. Ele não pode beber uma cerveja
com seus amigos, ver um filme na televisão, conversar com seus familiares,
administrar sua empresa, levar seus filhos na escola, sair para jantar, jogar
um futebol no final de semana, enfim, ele não pode nada.
Até
onde valeu a pena se envolver em algo tão grandioso como o que está sendo
acusado, se no final nada deu certo, ele acabou atrás das grades, sua família e
seu sobrenome foram expostos, sua empresa pode ir a bancarrota e seu negócio
que era sinônimo de solidez simplesmente amarga os piores dias deste sua
fundação.
A
ganância de sempre querer mais dinheiro, a vaidade de ser colaborador e amigo
das maiores autoridades do seu País, pode levar a consequências desastrosas e
humilhantes como a que esta pessoas está passando agora. Oxalá vivêssemos em um
mundo onde donos de empresas de tamanho porte seriam proibidos de ter qualquer
tipo de contato ou amizade com pessoas do poder público, não que isso seja
ilegal, mas é bastante imoral.
Ah,
mas ninguém pode ser proibido de fazer amizades! Tudo bem, mas não posso
concordar na existência de ligações tão próximas entre partes tão interessadas
como essas. Um dono de uma construtora e um Presidente da República não podem
compartilhar o mesmo avião, não pode um contratar ao outro para fazer lobby no
exterior, não pode haver esse toma lá dá cá. Fica muito estranho essa relação e
as transações sempre irão gozar de dúvidas sobre sua real legalidade e
honestidade na concorrência com outras empresas cujos presidentes não gozam de
tanto prestígio com a alta corte republicana.
Este
Senhor que está preso há um ano não sabe o que é viver desde então. Não é
possível que ele pense que valeu a pena se envolver em tantos contratos com o
Governo onde pairam inúmeras denúncias de corrupção. Não se pode deixar de dar
valor à liberdade, o bem mais precisos que temos após a vida.
Quantos
milhões de dólares essa pessoa tem e que agora não lhe serve para nada? Do que
adianta amizade com o alto clero da política se agora em que ele está preso
ninguém nunca lhe prestou solidariedade? É o mesmo que possuir uma fábrica de
gelo no meio da Antártida.
Honestidade
não tem preço, caráter não tem preço, liberdade não tem preço. Isso tudo
deveria ser levado em consideração por qualquer pessoa antes de assinar um
contrato, praticar qualquer ato, ou se envolver com algumas pessoas. Hoje essa
pessoa que é capa de uma revista nacional onde sua foto aparece com uma legenda
indicando os dias de sua prisão, poderia muito bem sair na capa de uma revista
como um dos maiores empresário mundiais.
O
engraçado é que essa pessoa teve todo o acesso a tudo desde que nasceu. Se ele
for condenado, qual justificativa se dará para ele? A mesma que é dada a um
bandido que nasce em uma comunidade? Ou seja, virou delinquente porque foi
influenciado pelo meio? Ou foi porque quis mesmo? Por isso que eu falo: a
pessoa escolhe o caminho que quer seguir independente da cor da pele e da
classe social, pode ser “preto e pobre”, “branco e rico”, “preto e rico” ou “branco
e pobre”.
Valeu
a pena grande empresário? Valeu a pena expor sua família? Valeu a pena passar
um ano na prisão? Valeu a pena ligar o nome da sua empresa a propinas e
corrupção? Se você é uma pessoa de caráter, tenho certeza que irá responder que
não valeu a pena. Mas a pergunta que eu queria te fazer era a seguinte: vale a
pena ajudar
a quem te ajudou a ir para o inferno da prisão?
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