Não
discordo em absoluto do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, ao
dizer que cabe a cada um “a decisão de colocar em risco a própria saúde”. Isso
acontece o tempo todo, desde quando ingerimos uma bebida alcoólica, fumamos um
cigarro “normal”, ou comemos um pastel gorduroso da feira. Mas colocar uma
afirmação como essa como pretexto para se liberar o uso da maconha, aí acho que
é um exagero.
Em
primeiro lugar indago a vocês leitores onde se compra maconha aqui no Brasil?
Você já foi ao Pão de Açúcar comprar maconha hidropônica? No Carrefour? Na
Drogasil? No bar do seu Manoel? Não! O usuário compra erva do traficante em
100% dos casos. Essa droga não é liberada por aqui, e seu comércio é punido com
vários anos de cadeia.
Aí
começa o problema. Como você legaliza uma droga onde quem vende é bandido? Ou
você acha que se o Supremo não punir mais o usuário ele ao mesmo tempo vai
permitir a sua venda nas melhores casas do ramo? Não, não vai. Se o cara quiser
fumar um baseado ele vai ter que recorrer ao traficante e com isso ele vai
sustentar um crime hediondo que o mundo inteiro pretende exterminar.
Colocar
em risco a própria saúde é uma coisa, agora colocar em risco a vida de milhares
de pessoas é outra coisa mais complexa. O tráfico é um crime violento, envolve
armas pesadas, sequestro, roubos, lavagem de dinheiro, quadrilhas, homicídios,
enfim, o movimento provocado por ele é muito maior do que a simples venda de
uma erva ou de um pó branco para uma pessoa que quer apenas dar uma aliviada.
Sem
contar que os Governos investem milhões de dólares para coibirem o tráfico no
mundo inteiro. Qual seria o sentido em tentar combater esse tipo de crime se
por outro lado vem o Sistema permitindo que se use um produto que vem de uma
operação ilegal? É o mesmo que autorizar a compra de um produto que foi
furtado. Furtar é crime, mas comprar o produto proveniente deste delito pode? Não,
não pode. Para quem não sabe isso é crime previsto no Código Penal intitulado
Receptação.
Se
vamos liberar os limites de cada um para saber o que é bom ou ruim para sua
vida ou saúde, então que esse livre arbítrio seja amplo e ilimitado. Vamos
utilizar esse argumento para tudo que acharmos que cabe a nós decidirmos. Se
pararmos em uma blitz sem cinto de segurança vamos dizer ao policial que a vida
é minha e não quero usar esse acessório.
Como
capitalista acho válido que se dê à população o direito de escolher o que é bom
e o que é ruim para ela, mas desde que essa escolha seja embasada em atitudes
legais, morais, e que não prejudique o direito de terceiros. Não posso aceitar
um usuário de droga alimentando um crime de tráfico apenas para satisfazer seu
vício. A mais alta Corte de Justiça do País não pode estimular um traficante
nas suas “vendas”, pelo contrário, ele tem que inibir ao máximo uma prática
preguiçosa dessa que estimula ao ócio e a prática de outros delitos.
Sem
contar que o usuário de droga é pessoa certa nos nossos hospitais e clínicas de
recuperação. Além dos inúmeros delitos que eles comentem para manterem seu
vício e acidentes que provocam estando sob o efeito desta porcaria. Ou seja,
liberar o uso de drogas é querer esvaziar as penitenciárias e encher hospitais,
clínicas e cemitérios de pessoas.
Não
se pode esquecer ainda o constrangimento que um policial vai passar ao abordar
uma pessoa enquanto ela fuma um baseado na sua frente. Fica até uma situação
totalmente surreal. A polícia não pode prender quem fuma, mas tem que prender
quem vende. Porém o que ele vende é legal ou ilegal? É legal para usar e ilegal
para vender? Brasil!
Não
sei aonde nosso País vai chegar, o que sei é que isso aqui não vai mudar nunca.
Cada dia está pior e ainda não chegamos ao fundo do poço. Quando estamos dando
uma resposta ao mundo de que nem tudo aqui é festa, quando finalmente pessoas “importantes” estão pagando pelos seus
crimes, a mais Alta Corte de Justiça do nosso País está na iminência de cometer
um deslize como esse. Só nos resta lamentar...
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