Hoje
está fazendo um ano que perdi um grande amigo. Nunca imaginava que ele fosse
nos deixar assim tão de repente. Foi um choque muito grande para mim e sua
família, e ainda é difícil aceitar que ele não está mais aqui entre nós.
Meu
sogro era daquelas pessoas que eu sinceramente nunca ouvi ninguém falar mal
dele. Pelo contrário, só escutava elogios. Seu sorriso, sua serenidade, sua
fama de ser uma pessoa tranquila eram sempre ressaltadas por seus amigos e
pacientes. E eu que convivia com ele, via que era isso mesmo, nunca cheguei em
sua casa e ele estava de cara feia. Poderia até ter seus problemas, mas nunca
fui recebido por ele sem estar com um sorriso em seu rosto.
Quis
o destino que o Dr. Roberto fosse médico da minha mãe há muitos anos. E minha
mãe com sua mania de querer arrumar casamento para os filhos dela, dizia: já
pensou Dr. Roberto se a sua filha casa com um dos meus filhos? E assim foi,
após muitos anos eu casei com a Ana Victória e aí surgiu uma grande afinidade
entre nós e uma grande amizade.
Não
esqueço nosso primeiro encontro agora como genro e sogro. Confesso que mesmo
sendo conhecidos, ambos ficamos nervosos. Foi na formatura da Ana Victória
nosso primeiro encontro “oficial”, e por ironia do destino na volta o seu carro
estragou e vocês tiveram que pegar uma carona comigo. O detalhe é que eu estava
chegando em casa e vocês estavam saindo de Goiânia. E começou assim nossa
amizade, afinal amigos nunca medem esforços para ajudar o outro.
Quando
ia pedir a mão da Ana Victória em casamento foi uma longa história. Tive que
ensaiar vários dias para ir lá fazer o pedido oficial. E quando chegou o grande
dia, ele disse para ela que “ia me poupar desse sacrifício e não precisava de
fazer pedido oficial não, e que ele nos abençoava”. Mas depois fiquei sabendo
que ele estava poupando era a si mesmo! Meu sogro era uma pessoa tímida, não
gostava muito dessas coisas.
Era
uma pessoa aficionada por futebol. Isso nos ajudou muito a nos entender. Ele
defendia o São Paulo dele e eu o meu Flamengo. Apesar das nossas paixões nós
nunca discutimos esse assunto, sempre respeitávamos o time do outro. Mas a D.
Lígia sempre dizia para ele pegar leve comigo!
Dr.
Roberto, Hoje é muito difícil chegar na sua casa aos domingos e não ter você lá
pra discutirmos o final de semana de futebol. Sempre que chegava lá você já ia
perguntando: e o seu Flamengo Romulo? E ficávamos brincando, discutindo,
esperando passar os gols, ver as mesas redondas, enfim, era muito bom estar ali
com você. Hoje muitas vezes seguro o choro de saudade dessas nossas conversas.
Perdi meu companheiro, meu amigo, meu parceiro de futebol.
Sempre
olho para a Ana Laura e fico pensando nos momentos que vocês passaram juntos.
Queria muito que ela tivesse te conhecido melhor. Ver o avô que você era. Você
foi o porto seguro da Ana Victória durante toda a sua gravidez. Lembro que tudo
ela recorria à você. Pai, estou sentindo isso, estou sentindo aquilo, o que eu
tomo? É normal? E depois que a nossa pequena nasceu, pude te ver ali na sala de
parto todo bobo, vendo mais uma geração sua nesse mundo.
Seus
netos nunca podem reclamar do avô que você foi. Lamento que a Ana Laura não
tenha te aproveitado tanto. Mas nunca vou deixar ela te esquecer. Sempre mostro
suas fotos para ela e ela diz que é o vovô Roberto! Sempre via você imaginando
o que os meninos seriam, suas brincadeiras com eles, suas broncas de vez em
quando, mas acima de tudo eu via o amor que você tinha por todos eles, isso era
visível em seus olhos. No dia do aniversário de dois anos da Ana Laura o Sr.
fez muita falta... Queria tanto que estivesse lá...
Não
posso me esquecer da nossa última viagem que fizemos juntos. Deus foi tão bom,
que reuniu a família inteira naqueles dias e você pode aproveitar com seus
netos, filhos e esposa aquilo que podemos chamar de sua despedida. Não esqueço
quando o Sr. estava no hotel e falou para a Ana Victória que pensou que ia
morrer sem escutar o barulho do mar na hora que estava dormindo. Ali foi uma
coisa simples, mas para você era algo importante... Dormir escutando o barulho
do mar...
Dr.
Roberto, meu sogro, meu amigo, jamais vou esquecer o tempo que passamos juntos.
O vazio que nos deixou nunca será preenchido por ninguém. É muito difícil
aceitar sua ausência, sua morte tão repentina, sem dar ao menos a chance de nos
despedirmos. Chegar na sua casa e não te ver, olhar suas fotos e saber que não
podemos nunca mais conversar, fazer as coisas que você gostava de fazer, tudo
isso é muito triste. É difícil até de aceitar, mas Deus sabe o que faz e aquela
era a sua hora de nos deixar.
Sei
que a dor que sinto não é comparável a que seus filhos, irmãs e a D. Lígia
sentem, mas saiba que seu amigo aqui jamais vai te esquecer. Só tenho boas
lembranças do tempo em que passamos juntos, e jamais poderia reclamar de um dia
sequer em que te encontrei. Sempre fui muito bem recebido pelo Sr. na sua
família, tive a honra de ser o seu genro, e hoje não encontro palavras para te
agradecer por todos esses momentos.
Não
vou falar que o Sr. era um pai para mim, pois graças à Deus eu tenho um que
posso me orgulhar muito, mas acho que na minha passagem aqui na Terra poucos
serão meus amigos como você foi. A saudade será eterna e o que temos que fazer
é conformar e aceitar. Descanse em paz meu grande amigo e um dia vamos nos
reencontrar... E pode deixar que minha filha sempre lembrará da grande pessoa
que o avô dela foi...
Linda mensagem do seu esposo! Ana Victoria, conheci pouco o seu pai, mas senti muito quando soube dessa perda irreparável, pois quando o conheci achei ele uma pessoa maravilhosa, comentei com o Alex (meu namorado na época e hoje marido), que pessoa maravilhosa é o pai da Ana Vitória! Abraços!
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