No
sábado ao ligar a televisão me deparei com um programa onde uma babá ensinava
uma família a cuidar do seu filho. Não era uma criança com algum problema de
saúde ou portadora de necessidades especiais, mas sim um menino normal que era “muito
ativo”. Ao passar a programação para frente vi que existia um programa que se
chama: socorro, meu filho não come (acho que é isso ou algo bem parecido). E
daí lhe pergunto: onde vamos parar com toda essa loucura?
Antes
do nascimento da minha filha a minha esposa e eu procuramos nos informar ao
máximo sobre ter filho, como criá-los, o que se pode e o que não pode fazer, quando
fazer isso, quando fazer aquilo. Tudo como se o bebê que fosse nascer viesse
com uma manual de instruções e nós tínhamos que seguir aquilo tudo para não dar
problemas futuramente.
Pode
isso, não pode aquilo. Faça isso, não faça aquilo. Escutei tanta bobagem que
hoje dou risadas de algumas “informações” que recebemos. Certas dicas foram
boas, mas o que posso concluir é que cada um deve criar o filho do seu jeito.
Certo ou errado, apenas creia em você, que se for uma coisa natural e
procurando sempre o melhor da criança, tenho certeza que você não vai falhar.
O
problema é que desde que o mundo é mundo nós temos poucas escolhas na vida.
Duvido que você que está lendo meu BLOG agora não tenha uma mãe ou um pai que
desejou e previu todo o seu futuro em uma tacada só. Senão vejamos: basicamente
a conversa era que você ia estudar, fazer uma faculdade importante, afinal
ninguém deseja que você faça qualquer curso, casar, ter filhos, ser um ótimo
profissional e ser feliz.
E
essa previsão é muito real e concreta e qualquer coisa que saia dessa curva de
pensamento é porque algo deu errado. Se a mulher não casar a sociedade vai lhe
imputar um monte de teorias porque a parte do casamento não deu certo na sua
vida. Se o homem não formar em uma faculdade ele será alvo de diversas críticas
e será visto com desconfiança e discriminação por seus pares.
E
essa linha da vida é única no mundo inteiro. O ser humano nasce para estudar
quando é criança, na vida adulta ele tem que concluir um curso superior, logo
em seguida vem o casamento, ter filhos, ser uma pessoa de um relativo sucesso e
quando morrer precisa deixar um patrimônio para sua família e um legado para a
sociedade. Isso funciona aqui, no Japão ou na Suíça.
Não
concordo com isso nunca. Onde está a liberdade de escolha? Não quero aqui impor
uma nova sociedade ideal, onde nada disso do que escrevi seja importante. O que
eu queria era o cidadão poder escolher o que fazer na sua vida sem ser julgado
por pessoas hipócritas, por pessoas que não o conhecem, e que se julgam
superiores sem ao menos saber como funciona viver sem seguir as regras do
manual da vida. Manual este que vem desde a época de Cristo.
A
babá que citei logo nas minhas primeiras linhas é uma pessoa que quer moldar as
crianças para que sejam anjos na vida de um casal. Ora, se não agüenta uma
birra de criança, uma travessura, então que não tenham filhos. Agora vou
aceitar uma pessoa estranha vir na minha casa e me ensinar a educar meu filho? Não
mesmo! Tenho competência e inteligência para saber passar valores à minha filha
para quando ela crescer ela saber encarar o mundo onde quer que ela esteja.
Temos
que nos livrar desse manual de Como criar
um ser humano ou do Manual O caminho
a ser perseguido pelo homem/mulher durante sua estadia aqui no Planeta Terra.
Hoje vemos tantas pessoas com depressão nesse mundo, pessoas frustradas,
apontadas pela sociedade como fracassadas porque não seguiram a cartilha do
homem perfeito e acham que falharam em algum momento de sua vida ou que a culpa
é dos seus pais que não souberam educá-lo. Inacreditável tamanha ignorância,
mas é real e atual.
Na
contramão dessas pessoas existem aquelas que simplesmente mandaram tudo pelos
ares e resolveram criar um estilo de vida baseado, me desculpe a expressão, no “foda-se”, onde não é necessário curso
superior, trabalho em uma multinacional, casamento com filhos, ser rico e
viajar para o exterior todo ano. Viver é muito simples, o ser humano é que se
impõe metas idiotas na sua vida que muitas vezes é a realização de um sonho que
nem é seu, mas de seus pais, seus amigos e ou de um babaca que acha que você
tem que exercer certa profissão para não ser excluído da sociedade.
Talvez
o que Raul Seixas cantou e viveu em sua Sociedade Alternativa seja o ideal. “Faça o que tu queres pois é tudo da lei...”