segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Inteligência Musical



No último final de semana fui a um show de Rock. Como cheguei bem cedo, fiquei observando o que envolve essa paixão, o que leva uma multidão vestida de preto em um domingo chuvoso a ir para um estádio de futebol para ver uma banda que já está na estrada há mais de vinte anos.
Sou apaixonado pelo Rock, e tudo o que eu escrever aqui pode ser suspeito e parcial, mas tudo bem, não ligo para isso.
Vamos começar com a chegada ao estádio. O preto era a cor que mais predominava naquele dia. Diria que algo em torno de 95% das pessoas que ali estavam vestiam a cor do Rock. E não eram roupas caras, nem modinhas, porque quem vai a um show como esses vai ali para escutar a música, ninguém vai ali para pegar mulher, pelo open bar, ou para desfilar, como fazem a maioria dos que vão a um show sertanejo, axé ou funk.
O fã de Rock se prepara muito para ir a um show como esse, onde uma banda mundial vai se apresentar na cidade onde ele mora e talvez nunca mais ele os veja ao vivo novamente. Por isso é um dia especial, aliás, desde quando se fica sabendo que algo dessa magnitude vai estar ali no quintal da sua casa o fã já fica ansioso.
Não se pode comparar o espetáculo de uma banda de Rock a um show de uma dupla sertaneja, de uma cantora de axé, ou de funk, que toca todo dia em qualquer lugar aqui no Brasil, pois seu alcance musical se limita às fronteiras brasileiras. Sair daqui é sinônimo de fracasso total, o que é plenamente justificável já que se trata de algo regional, ou você conhece outro país que tocam esse tipo de “música”?
No dia desse show pude ver a presença de todo e qualquer tipo de pessoa: jovem, adulto, pessoas mais velhas, homens, mulheres, todos estavam ali reunidos única e exclusivamente para ver aquela banda. Quando eu digo banda, digo todos que fazem parte dela: vocalista, baixista, baterista, guitarrista, todos eles são fundamentais e igualmente idolatrados, aliás, especificamente neste dia digo que a volta do guitarrista da formação original foi o responsável pela presença de inúmeras pessoas que ali estavam e sonhavam e vê-lo mais do que o próprio vocalista.
Isso é um diferencial do fã de Rock. Nós sabemos a importância de todos os integrantes daquele grupo, brigamos para decidir quem é o melhor naquele instrumento e uma saída deles da banda pode representar o fim do grupo ou a sua derrocada. Agora, te pergunto: você sabe quem é o guitarrista da sua dupla sertaneja favorita, da sua cantora de axé? Aliás, você sabe o nome deles na carteira de identidade? Os fãs desses gêneros musicais na maioria das vezes não se preocupam com isso, só querem saber do vocalista, o resto pode ser qualquer um.
Quando começa um show de Rock, sua única preocupação é com a música que está tocando. Você não se preocupa em alugar a menininha, não se preocupa com as bebidas do open bar, se tem uma almofadinha para você sentar, não se preocupa se a escova que você fez no cabelo não pode ver chuva, enfim, quando se vai a um show desses você vai para ver a banda, o único e real motivo para você estar ali, o resto nada mais importa.
O show o qual assisti teve a duração de três horas. O som estava impecável, a organização foi perfeita, não houve um princípio de briga, todos entraram e saíram civilizadamente, e a chuva que resolveu cair apenas aumentou o ânimo do público. Deixo registrado que as pessoas que ali estavam não eram maconheiros, com tatuagens, piercings em locais estranhos, cabeludos, e todo o tipo de preconceito que os não-rockeiros gostam de citar. Ali estavam pais acompanhando suas filhas, famílias completas, amigos, enfim, pessoas normais que na segunda-feira iam todos trabalhar, mesmo porque com o preço do ingresso caro como foi, não era ali um local de vagabundos como alguém possa imaginar.
Como disse no princípio não sou fã desses gêneros musicais exclusivamente brasileiros, prefiro sempre o bom e velho Rock and Roll, um gênero musical que nunca vai morrer e é tocado desde uma simples cabana no fim do mundo até um Estádio lendário como Wembley. E se toca no Planeta inteiro, para todo o tipo de civilização é porque é bom e merece ser compartilhado com o mundo inteiro.
Ser Rockeiro faz bem para a saúde, para sua vida. Ser Rockeiro é gostar de um estilo musical imortal e universal. Para escutar Rock você não precisa estar depressivo, com dor de corno, nem precisa usar um abadá colorido, basta apenas estar vivo, não precisamos de motivos para apreciar o que é bom. Um bom Rock and Roll cabe a qualquer hora e em qualquer lugar.