sábado, 23 de abril de 2016

Compartilhar com ou sem limites?


Há algumas semanas atrás eu recebi uma mensagem de um amigo meu sobre uma página no instagram nominada we_have_to_stop a qual ele disse que daria um bom tema para ser escrito aqui. O tema é o uso sem limite e assustador do celular em toda e qualquer situação da vida de uma pessoa. Aposto que muitos que estão lendo este POST agora se encaixam nesta situação (inclusive quem vos escreve).

Afinal qual é o limite para se postar um fato na internet? Tenho certeza absoluta que hoje não há limites, postamos desde o resultado do órgão excretor humano até onde a imaginação conseguir chegar. Somos bombardeados por fatos e fotos inimagináveis que nos causam as mais diversas reações que nos fazem compartilhar, curtir, chorar, sorrir, ser irônico, e a maioria das vezes nos faz ter inveja de não ter sido o autor daquele POST, de estar naquele lugar, comendo aquela comida, com aquela companhia, enfim, qualquer situação que faça aguçar o mais praticado dos pecados capitais.

Existem diversos tipos de usuários dos perfis sociais. O mais comum é aquele que quer apenas dividir o que está acontecendo em sua vida atualmente sem nenhuma maldade, sem nenhum compromisso, sem nenhuma intenção de causar sentimentos negativos em ninguém. Geralmente é aquele que posta fotos da família, dele em um buteco bebendo uma breja, foto do cachorrinho de estimação, foto do prato de comida com arroz, feijão, bife e batata frita entre outras coisas bem inocentes.

Existe o perfil de usuário que gosta de postar o que não é. Posta foto em um carro importado, mas na verdade ele está apenas de carona. Posta fotos de lugares paradisíacos ou nos lugares da moda mas está ali bancado por um amigão seu. Posta foto bebendo whisky 18 anos mas quem banca é o famoso amigão. Um mês atrás eu fui em um aniversário de criança e um amigo da minha esposa definiu uma pessoa que é esse tipo de gente: “A fulana é aquele pessoa que não tem nada na vida mas é amiga do cara que tem carro importado, anda de helicóptero, patrocina as festas, mas ela mesmo não tem nada”.

Existem vários outros tipos de usuários. Tem o que só postam coisas de igreja, quem só posta putaria. Os que gostam de política e são contra ou a favor do partido do governo atual, enfim, cada um tem o seu perfil nas redes e faz dela o proveito que achar melhor.

Mas o que quero realmente dizer aqui é: qual é o limite disso tudo. A que ponto chegamos de largar de fazer coisas realmente úteis para ficar de frente para um tablet, celular ou computador para expor a sua vida ou saber da vida alheia? Um vocalista de uma banda mundialmente conhecida que esteve aqui no Brasil recentemente disse que o brasileiro é engraçado pois paga caro para ver um show dele e acompanha tudo pelo celular, fica só fazendo selfie, filmando ou fotografando ao invés de acompanhar o que realmente importa que é a banda que está ali a poucos metros de distância.

Semana passada eu estava ouvindo um programa na rádio quando os apresentadores estavam fazendo propaganda de um aplicativo de cantadas virtuais. Espera aí pessoal, desde quando você paquera alguém através de mensagens do celular? Que coisa mais sem nexo é isso. Por isso que os adolescentes de hoje não conseguem trocar meia dúzia de palavras com o sexo oposto, pois não tem coragem ou simplesmente não sabem conversar. Se tirar o telefone deles parece que tiraram noventa por cento do seu cérebro.

A idéia de que a informação está ao alcance de todos necessita de uma vírgula logo após a palavra todos. O certo seria dizer que a informação está ao alcance de todos, desde que a pessoa pesquise ou leia sobre ela. Não adianta ter um GOOGLE para procurar somente fofocas, baladas e receitas de bolo. E também não adianta fazer um control c, control v, tem que ler o que está escrito ali, fazer um resumo ao menos mental e entender, senão não adianta. Copiar e colar é coisa de criança que está fazendo o primário.

Não resta a menor dúvida que as redes sociais servem para manter contato com amigos distantes, ver o que acontece na vida das pessoas que conhecemos, que somos fãs, ver o que está rolando de bom nessa imensa bola azul onde moramos, o que está na moda, que som está rolando, que lugar paradisíaco é bom para você ir, como fazer uma comida diferente, serve literalmente para tudo hoje em dia. Mas serve para te deixar escravo do mundo virtual e fazer de você um completo babaca.

Nada que vicia é bom. Não tenho nada contra as redes sociais, pelo contrário, sou usuário das principais e acho que elas são muito úteis, mas “beba com moderação dessa fonte” não se embriague nesse mar de informações que lhes são despejadas a cada minuto, não faça da internet um livro aberto da sua vida, lembre-se que não queremos saber de tudo que acontece com você, saiba separar as coisas que podem e as que não merecem ser divulgadas com seus seguidores.

Não gaste todo seu tempo com a internet, tire um tempo para ler um livro, namorar pessoalmente e não virtualmente, praticar um esporte, ir para o bar com os amigos sem precisar conversar pelo whatsapp, enfim, viva a vida “ao vivo” e não apenas virtualmente. Experimente e você vai ver que fora do computador tem uma vida real que vale muito mais a pena do que esse mundo de fantasias que você vê pela tela do seu iphone.

Não menospreze nunca o poder que a internet tem, ela tanto pode te levar ao mais alto grau de conhecimento, como também pode fazer de você um completo retardado...

Fica a dica...