quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Piada assassina. Êita povo sem humor...

Um amigo meu veio me perguntar o que eu achava sobre os assassinatos dos cartunistas em Paris. Se eu era a favor do trabalho que eles faziam, se concordava com as charges pesadas que lhes eram peculiares, enfim, queria que eu escrevesse sobre esse assunto no meu BLOG. Aqui vai então...
Esse negócio de escrever BLOG é legal por isso, algumas pessoas querem saber o que você pensa. Começo destacando que não sou a favor de fazer caricaturas com Deus, seja ele de que religião for. Sou Cristão, sou praticante, tenho meus ideais, procuro seguir os ensinamentos da Bíblia, mas justamente por querer que me respeitem, que respeitem a minha fé, eu não posso jamais criticar o trabalho de uma pessoa que resolveu fazer da crítica a uma religião seu estilo pessoal.
Não posso criticar o trabalho de uma pessoa que não tem fé alguma, que não tem religião, ou até tenha, mas que resolveu seguir esse caminho de charges religiosas. Prego e sempre pregarei a liberdade. Seja ela de expressão, de ir e vir, de xingar, de escrever, de desenhar, enfim, defendo que cada um diga o que quiser sobre determinado assunto, mesmo porque ninguém é o dono supremo da razão.
Não compraria um jornal como esse que desdenha da Fé das pessoas, mas daí a querer matar um chargista por isso vai além da sanidade mental de qualquer ser humano. Uma pessoa que diz que mata em nome de Alá é um maluco, louco, que age em nome de um Deus que nunca passou procuração para ele para atirar em alguém. E tenho certeza que essa atitude não está escrita em qualquer Livro Sagrado, afinal tirar a vida de alguém não é um “privilégio” que cabe a um simples mortal.
Vivemos na era da hipocrisia. Nada pode ser dito que ofende as pessoas. O mundo hoje anda muito sensível para bagatelas e ao mesmo tempo deixa rolar coisas mais importantes e pesadas. Na nossa sociedade específica, aqui no Brasil, estamos passando por escândalos há quase dez anos e a população não fica indignada, ao contrário, aqui sim, ela passa uma procuração em branco para que mais roubalheiras possam acontecer. Mas quando a passagem aumentou vinte centavos, neguinho virou o mundo, pintou a cara e foi pra rua. Pra quê?
Ouvi a nossa presidente dizer que a ação da Polícia da França teria que ser analisada para ver se ela não excedeu! Ora Presidente, a Sra. está achando que lá é Brasil? Lá o policial é valorizado, lá ele é a lei, uma autoridade respeitada, e ao final do dia eles foram aplaudidos e não apedrejados. Serão condecorados pela bravura, inteligência e rapidez e não fuzilados pelo trabalho que desempenharam. Eles perderam um colega na maior covardia além de terem sido desafiados por pessoas que entraram em um local de trabalho e mataram doze pessoas inocentes. Isso fere o orgulho de qualquer policial.
Não vou aqui jamais criticar o trabalho de um policial. Primeiro porque eu não estava lá para saber as circunstâncias dos fatos e segundo porque somente quem está no local, foi preparado para esse tipo de ação, estudou, tem coragem para encarar um bando de loucos dispostos a matar ou morrer, tem moral e competência para dizer se ouve excesso ou não. Do contrário, é melhor ficar calado.
Aliás, ali só se falou na morte dos cartunistas. O policial ninguém nem sabe o nome. Herói solitário que morreu no exercício de sua função, não fugiu à luta e acabou covardemente assassinado.
O mundo precisa se preocupar com coisas mais sérias. Precisamos deter essas pessoas que saem por aí matando quem não coaduna com os mesmos princípios religiosos deles, precisamos ser mais abertos a críticas, aceitar nossos defeitos, ter mais vergonha na cara, enfiar o rabo entre as pernas quando nos provam que estamos errados, enfim, o mundo precisa ser mais leve. Estamos caminhando a passos largos para uma guerra sem inimigo, vai chegar um dia que a população vai se achar no direito de julgar e impor a pena que quiser, sem respeitar qualquer sinal do Estado ainda presente na sociedade.
Um desenho no jornal não pode ser motivo para uma chacina. Nada justifica esse tipo de atitude. Sei que eles estavam sendo ameaçados a muito tempo pelo tipo de trabalho que faziam, sei que eles assumiram o risco do negócio, mas também não vou aceitar que pessoas que eu nunca vi na vida me obriguem a aceitar um Deus no qual não creio e ainda que essas pessoas venham intrometer no meu trabalho me fazendo calar. Prefiro ter o destino deles defendendo as minhas ideias do que me calar diante de pessoas ignorantes, covardes e assassinas. Se hoje me calo por causa de um desenho, o que será que eles vão exigir amanhã? E mais, quem foi que disse que a vida aqui na Terra é melhor do que a que teremos depois da morte?
Liberdade ainda que acima de tudo...